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Os avanços científicos associados à disseminação da informação e à autoconsciência promoveram ao longo dos anos um refinamento do conceito de wellness (bem-estar, em tradução literal).
O que até poucos anos era assunto de pequenos círculos ou tratado com superficialidade, atualmente é pilar estratégico para empresas de vanguarda.
A origem do conceito, quando depurado à sua essência, remete a diferentes civilizações e à busca pelo equilíbrio físico-mental-espiritual em sua permanente relação com as forças do ambiente.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) incorpora o conceito à definição de saúde ao declarar que “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social” e não unicamente “ausência de doença ou enfermidade”. A declaração enfatiza tanto a perspectiva tridimensional, quanto o impacto socioambiental, esclarecendo que a saúde é um estado de equilíbrio e que a enfermidade pode ser silenciosa e se manifestar como ausência de bem-estar.
É certo que lograr esse equilíbrio é um desafio de ordem tanto individual como coletiva que sofre substanciais alterações com a ação e os efeitos do tempo e as particularidades de cada cultura.
A globalização e a vertiginosa transformação digital que nos brindam com a indústria 4.0 e o paradigma da inteligência generativa; o crescente apelo por sustentabilidade e agendas inclusivas, que contemplem a visão ambiental, social e de gestão responsável (ESG); e a chegada dos Millennials no mercado de trabalho em concomitante com dois anos de pandemia são exemplos macroambientais de impacto inquestionável na dinâmica dos nossos tempos.
Ademais, são também vetores determinantes para a incorporação e consolidação do conceito de wellness por um contingente cada vez mais expressivo de empresas, em especial as que operam em ecossistemas tecnologicamente avançados e demandam mão de obra qualificada.
Em 2016, a fundadora e CEO da CoreHealth Technologies, Anne Marie Kirby, escreveu: “a saúde e o bem-estar são influenciadas por muitos fatores incontroláveis, tanto no trabalho quanto fora dele, incluindo influências sociais, emocionais, ambientais e culturais. Para efetivamente mudar o bem-estar dos funcionários, os provedores de programas precisam entender melhor as influências dos sistemas complexos nos quais as pessoas trabalham e vivem.” Ou seja: a previsão era clara e já orientava para a relevância do tema no contexto organizacional.
A pandemia, exemplo de caráter aleatório dentre os acima citados, é um divisor de águas na história da humanidade e também um catalisador na forma como passamos a conceber tempo, trabalho, relacionamentos e a onipresença tecnológica.
A autoconsciência do indivíduo com relação à qualidade de vida e, por sua vez, o bem-estar passou pelo divã e saiu fortalecida da experiência. Como um gênio que sai da lâmpada e não volta, certas práticas adquiridas com os dois anos de hiato se mostraram valiosas tanto para indivíduos como para empresas.
Uma delas, sem dúvida, é o trabalho remoto e/ou híbrido, que passou a ser prerrogativa para muitas contratações, principalmente aquelas atreladas a serviços e tecnologia. Um legítimo modelo ganha-ganha que privilegia a produtividade e o bem-estar ao trocar fatídicas horas de deslocamento por horas produtivas e/ou investimento em aprendizado, família, atividade física etc.
Um estudo do National Bureau of Economic Research “Internet, Access and its Implications for Productivity, Inequality, and Resilience”, revela que o crescimento da prática durante a pandemia foi o equivalente a 30 anos de crescimento pré-pandêmico. Outro estudo, do IBREP-FGV, Tendências do Home Office no Brasil, aponta que cerca de 21,6% das empresas que adotaram o home office em 2021, majoritariamente do setor de serviços, observaram um aumento na produtividade dos colaboradores e que em 2022 esse aumento chegou a cerca de 30%.
Ou seja: a flexibilização da jornada laboral surgia como uma tendência natural em razão das demais variáveis (Millennials, digitalização de processos etc) e teve na pandemia um acelerador potencial.
Isso significa que as políticas e práticas de wellness em empresas de serviços são assunto do passado? Certamente não. Afinal, trabalhar em home office, como o próprio nome diz, é ter o escritório dentro de casa e isso sem dúvida traz uma série de implicações. Além disso, wellness, como visto anteriormente, responde por um conjunto amplo de fatores de âmbito físico, mental e social.
O Brasil, por exemplo, segundo pesquisa da Ecare, lidera o ranking de ansiedade no mundo com 33% do total de ocorrências e ainda acumula 10% dos casos de depressão a nível global.
Não resta dúvida que socializar é preciso! Aliás, um dos mais longos, complexos e bem-sucedidos estudos já efetuados no mundo até hoje indica, justamente, que a qualidade dos relacionamentos humanos é diretamente proporcional à expectativa de vida. E por relacionamento o estudo enfatiza o desenvolvimento e cultivo de amizades no âmago social e profissional.
O The Harvard Study of Adult Development estudou a vida de 734 homens, ao longo de 85 anos. Os pesquisadores acompanharam a vida de dois grupos de jovens, de classes sociais e regiões propositalmente discrepantes, desde a adolescência, com o objetivo de identificar qual ou quais fatores se mostrariam determinantes para uma vida longa e feliz.
A conclusão do estudo? Bons relacionamentos nos mantêm felizes e saudáveis. O indicador se destacou acima de todos os demais.
Aqueles que chegaram mais saudáveis aos 80 anos de idade foram os mesmos que se apresentaram mais satisfeitos e felizes em seus relacionamentos aos 50 anos.
Outro dado revelador é a participação feminina no setor de TIC. Segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), o percentual é de apenas 39%. Algumas empresas percebem o gap e promovem programas específicos, dirigidos exclusivamente para mulheres.
Um exemplo é o Power Up, um programa de mentoria da Softtek que integra iniciativas de wellness e empoderamento e está vinculado a outros dois programas mais: Diversidade e Inclusão. Programas esses que valorizam e fomentam a diversidade cultural e a integração entre os colaboradores – questões de suma importância para uma multinacional com mais de 17.000 colaboradores e com presença em 40 países.
Indivíduos e ambiente seguem em permanente movimento. É o curso natural da história. Portanto, os desafios, embora de outra natureza, sempre seguirão existindo. O que fica claro é que captar, motivar e reter talentos estará cada vez mais atrelado ao investimento e à relevância que as empresas derem a iniciativas de wellness orientadas à integração e a habilidade que tiverem em comunicá-las.
O palestrante internacional Simon Sinek, em um TED Talk atemporal, com mais de 18 milhões de visualizações, chegou a uma conclusão valiosamente simples: o êxito de pessoas e organizações ímpares está em sua capacidade de se comunicar de dentro para fora e, com isso, refletir uma clareza de propósito que inspira outros a ponto de promover conexões que vão além de transações comerciais.
Millennials, GenAI, ESG, novos modelos de gestão… querendo ou não, estamos em permanente transformação.
É a ação do tempo dialogando com infinitas formas de energia e, nesse contexto, a clareza dos porquês sempre será uma bússola valiosa para aqueles indivíduos e empresas do futuro que estiverem interagindo com novos e amplos modelos de linguagem e integrações prioritariamente orgânicas.
Por Carla Deluiz, gerente de relacionamento com o cliente e Adriana Matte, Product Owner – Gerenciamento de Projetos, ambas atuando na Softtek Brasil.