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Software de código aberto, sim ou não?

O código aberto (Open Source) está mudando a forma como o software é construído. Desde reservas em hotéis a bancos, quase todas as novas aplicações começam com códigos que qualquer pessoa pode inspecionar, modificar e melhorar.

Ser uma empresa de código aberto é a ordem do dia. Empresas como Google, Facebook, Amazon e muitas outras estão lentamente tornando o Open Source parte integrante de sua estratégia, serviços e sistemas operacionais. Estas empresas publicam projectos com licenças abertas que permitem aos utilizadores e programadores tirar partido delas. E é basicamente isso que o software de código aberto é projetado para fazer: todos podem ver, modificar e distribuir o código da maneira que quiserem.

Este software é geralmente mais barato, mais flexível e mais durável do que suas alternativas proprietárias, já que as comunidades são responsáveis pelo seu desenvolvimento e não apenas um autor ou uma empresa.

O exemplo mais importante de um sistema de código aberto é aquele criado pelo Linux. O ‘núcleo Linux’ de código aberto deu vida a milhares de novos sistemas informáticos: desde o sistema Android nos telemóveis, ao sistema utilizado pelos computadores dos astronautas na Estação Espacial Internacional, até ao utilizado pelos cientistas do CERN na Suíça.

Principais vantagens e desafios do Open Source

Há muitas razões pelas quais as pessoas escolhem software Open Source em vez de software proprietário, e isso porque essa opção permite que programadores de todo o mundo colaborem para melhorar um software: corrigir erros no código; atualizar o código com nova tecnologia; e criar novas funcionalidades. Desta forma, os utilizadores têm um sistema onde os problemas de segurança são detectados e corrigidos mais rapidamente e as novas funcionalidades são actualizadas e criadas com mais frequência.

As principais vantagens são:

  • Segurança: como o código fonte é livremente acessível e a comunidade Open Source é muito ativa, os programadores verificam e melhoram o Open Source. É considerado um código vivo, e não um código privado e estagnado.
  • Transparência: com o Open Source, o usuário pode verificar que tipos de dados são movidos e para onde, ou que tipo de alterações foram aplicadas ao código, e rastreá-los.
  • Confiabilidade: comunidades Open Source ativas atualizam constantemente o software. Padrões abertos e revisão por pares garantem que o Open Source seja avaliado regularmente e adequadamente.
  • Flexibilidade: O usuário de código aberto não é obrigado a usar o código de uma forma específica, e pode contar com o apoio da comunidade e revisão por pares ao implementar novas soluções.
  • Custo mais baixo: o código em si é gratuito. Quando uma empresa externa é contratada, o usuário paga por suporte, reforço de segurança e ajuda na gestão da interoperabilidade.
  • Sem bloqueio de fornecedor: Liberdade para o usuário significa que ele pode mover o código aberto para qualquer lugar e usá-lo para qualquer coisa a qualquer momento.
  • Colaboração Aberta: Comunidades Open Source ativas fornecem a capacidade de buscar ajuda, recursos e insights que transcendem o interesse de um grupo ou empresa.

Quanto aos desafios, temos de os destacar:

  • Manutenção contínua: a manutenção e a devida diligência serão necessárias para garantir que, uma vez que a solução chegue ao mercado, ela continue a funcionar eficazmente. Isto pode significar tudo, desde o monitoramento de lançamentos e atualizações até o monitoramento de software ‘órfão’ e a execução de seus próprios testes para garantir a eficácia após o lançamento.
  • Resolução de problemas: Sem nenhuma empresa por trás do desenvolvimento do software assumindo a responsabilidade, não há opção de registrar uma reclamação sobre qualquer problema, nem há um ponto de contato para exigir a resolução. A resolução de possíveis problemas dependerá exclusivamente da capacidade de cada um deles de investigar nos diferentes fóruns para encontrar soluções.
  • O problema de serem programas sem fins lucrativos: se perderem financiamento ou interesse a qualquer momento, as comunidades serão forçadas a abandonar o seu desenvolvimento. Se um caso como este surgir e a comunidade que faz parte dele não estiver interessada ou envolvida na sua manutenção, o problema irá crescer à medida que deixarem de receber actualizações e melhorias. Nestes casos, a solução acaba por ser, na sua maioria, a migração para outros programas que satisfazem os requisitos necessários.
  • Requisitos de protecção de dados: Actualmente, quase todas as empresas estão sujeitas a requisitos de protecção de dados. Isto pode variar dependendo do local onde a empresa opera, mas algumas jurisdições exigem que a empresa seja proprietária do código que fornece a fim de cumprir as leis de proteção de dados. Antes de iniciar um projeto de desenvolvimento de software, é essencial que você reveja a legislação específica que o afeta e decida se o código aberto é uma solução apropriada.

Empresas aderem ao Open Source

O Open Source está num bom momento, pois o mercado em 2017 foi avaliado em 11,4 bilhões de dólares, em 2019 ultrapassou os 17 bilhões de dólares, e estima-se que crescerá para 32,95 bilhões de dólares em 2022, o que mostra que não tem intenção de desacelerar a curto prazo.

Software de código aberto, sim ou não

Grande parte da ação de código aberto está ocorrendo a nível empresarial, especialmente em termos do envolvimento de algumas empresas cuja mentalidade parece ter mudado. Anteriormente, o código era proprietário e intocável: era indispensável, e compartilhá-lo com terceiros não era contemplado.

Essa filosofia tem relaxado consideravelmente, e cada vez mais empresas estão compartilhando projetos de software que antes eram fechados e proprietários. Na verdade, 95% dos líderes de TI em todo o mundo disseram que o código aberto é estrategicamente importante.

Software de código aberto, sim ou não-2

O código aberto empresarial continua a crescer em importância, com a maioria das organizações, 68%, tendo aumentado o seu uso de código aberto empresarial e outros 59% a planearem continuar esse crescimento. Os líderes de TI destacam sua ampla utilização, mesmo em áreas que as empresas consideram críticas, como segurança, bancos de dados, a nuvem e análise de dados. Na verdade, 86% disseram que as empresas mais inovadoras estão usando o código aberto empresarial.

O que as empresas devem fazer para serem Open Source?

Enquanto as empresas fazem uso extensivo do código aberto em suas aplicações, poucas têm tirado proveito de todos os benefícios que a comunidade de código aberto (OSS) tem a oferecer. As empresas olham para este software e para as melhores práticas da sua comunidade para encontrar novas formas de se diferenciarem dos seus concorrentes, mas muitas vezes falta-lhes experiência no trabalho com comunidades externas ou na quebra de silos internos. Eles tentam contratar mais recursos para desenvolvedores ou encontrar as melhores ferramentas de software, mas ainda assim não conseguem acompanhar o ritmo.

Para se tornarem empresas de código aberto, as organizações devem:

  • Usando OSS, colaborando e contribuindo para comunidades de código aberto: O sucesso de um empreendimento de código aberto começa com a forma como ele se envolve com as comunidades. Grandes empresas como SAP, Capital One e Netflix passaram de consumidores de código aberto para líderes, criando e compartilhando seus próprios projetos de código aberto.
  • Adotando o ‘Innersource’ através da incorporação da cultura, ferramentas e práticas de código aberto no local de trabalho: Colaboração, transparência e reutilização do código não são exclusivos das comunidades de código aberto. Empresas bem sucedidas de código aberto também adotam essas mesmas melhores práticas para construir software interno, uma abordagem comumente conhecida como ‘innersource’.
  • Aproveitar com segurança o OSS e suas comunidades para criar software seguro e compatível: Quando se trata de empresas, o uso seguro do código aberto é especialmente crucial. Empresas bem sucedidas de código aberto inovam em escala com as comunidades OSS, mantendo ao mesmo tempo padrões rígidos de segurança e conformidade. Isso não significa ignorar ou degradar o risco potencial. Ao invés disso, ser um consumidor OSS informado significa manter-se atualizado sobre o código aberto que está sendo usado e usar as melhores ferramentas e práticas de segurança para manter seu computador seguro.

Todos os três ingredientes ajudam as empresas a prosperar digitalmente e a acelerar a inovação através do código aberto.

Conclusões

Embora existam alguns obstáculos, a implementação de software de código aberto é uma opção que continua a ganhar quota de mercado e apoiantes. Uma empresa que se preocupa com a segurança e escalabilidade de seus programas deve considerar seriamente alternativas Open Source que possam ser adaptadas aos seus processos. Não é coincidência que empresas do tamanho da Amazon, Ticketmaster, BBVA utilizem software Open Source em seus processos de produção e suporte.

Mas então, a questão permanece: o código aberto está à altura das reivindicações, e as empresas devem usá-lo ao desenvolverem as suas aplicações?

A resposta não é tão clara.

O código aberto tem muito potencial para as empresas inovarem e realmente tirarem proveito da próxima geração de tecnologia. Aumenta o tempo de colocação no mercado e pode ser uma solução eficaz para a maioria dos projectos, apoiada por estatísticas de utilização a nível mundial.

Entretanto, aqueles que planejam participar do código aberto também devem considerar os desafios e riscos associados a ele, de modo a não serem vítimas de nenhuma das armadilhas comuns do uso do código aberto.